Jaime, o calhorda, desde criança sempre teve o fascínio pelo picadeiro, a magia e a alegria do circo, seu colorido, a liberdade cigana, cada dia rostos diferentes. Com isso resolveu se engajar num deles e partiu. Como seu lado calhorda sempre fala mais alto, novamente ele ataca , desta vez embaixo da lona. Para começar, exerceu, ao chegar ao circo uma função secundária mais importante de trabalhar nos bastidores; foi designado para alimentar os animais. Achou que o leão estava muito magro, pensou e resolveu melhorar a sua dieta; jogou ao felinos os dois cachorrinhos que faziam acrobacias num dos números do espetáculo. Continuou como tratador e deixou aberta a jaula do urso passando mel no cadeado aberto. Depois foi dar banho no elefante e, como viu que o paquiderme estava com sede, amarrou a sua tromba a uma mangueira que estava enfiada numa caixa d’água e abriu toda a torneira; o elefante foi inchando de água até explodir. Ainda esta mesma água molhou toda a pólvora armazenada do homem bala , e quando o canhão foi acionado, falhou em pelo espetáculo. Continuando com as travessuras no circo, Jaime , o calhorda mudou de setor e foi ajudar a colocar as amarras da lona, batendo estaca, só que deixou meio frouxo e a lona desabou; veio abaixo sufocando os artistas e o público na arquibancada. Jaime então resolveu ajudar o mágico e em vez do coelho na cartola, saíram baratas, ratos e morcegos, e as mulheres saíam correndo desesperadas. Depois, trocou as facas cegas do atirador de facas, por facas amoladas, minutos antes do número ser iniciado e a moça que servia de alvo, levou uma facada fatal na testa. Já no número de telepatia, a auxiliar do telepata ficou sem o retorno do microfone de ouvido, que só tocava música erudita ; o telepata perguntava qual a cor de roupa dessa senhora à minha direita no palco e, nada de resposta; já no número de trapézio passou graxa na barra e eles escorregaram e caíram no chão pois não havia rede de proteção que havia sido retirada por Jaime para lavar, achou que estava encardida e, assim foi Jaime, o calhorda passando cola na peruca do palhaço , colocando pó de mico no equilibrista de pratos, colocando querosene em vez de gasolina nas motos do globo da morte, até que foi despedido pelo dono do circo. Agradeceu a oportunidade, acendeu um cigarro , jogou a guimba do cigarro no meio da palha do picadeiro e foi embora assoviando a ópera “Ride Palhaço”, imitando Caruso.
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